Náuseas, vômitos e queda de cabelo são sintomas comuns da quimioterapia. Estes sempre foram considerados os maiores impactos que o tratamento traz para a vida dos pacientes. Mas uma pesquisa aponta que o impacto social e psicológico da quimioterapia pode ser muito mais forte do que o impacto físico.
Os efeitos colaterais da quimioterapia em foco
Um estudo apresentado há poucos meses no Congresso da Sociedade Européia de Oncologia Médica (ESMO) na Espanha mostrou surpresas. O impacto social e psicológico da quimioterapia pode ser muito maior do que as consequências físicas que o tratamento traz.
A vida diária dos pacientes com câncer é sempre atribulada com os efeitos da quimioterapia. Esta é uma preocupação constante na vida dos médicos, tanto que pesquisas relacionadas estão sendo feitas desde a década de 80.
Este novo estudo usou pacientes com câncer de mama e ovário e mostrou que as preocupações e desconfortos mudam de acordo com o tempo e a fase do tratamento. Um total de 141 pacientes foram entrevistados, antes, durante e no final da quimioterapia.
Durante as entrevistas os pacientes recebiam dois grupos de cartas. Um grupo de cartas era referente aos efeitos colaterais físicos, e o outro mostrava os efeitos não-físicos. Era então pedido que selecionassem os 5 piores sintomas de cada grupo e classificassem por ordem de importância. Além disso, também selecionaram os cinco sintomas mais importantes de cada grupo e classificaram por importância, sem levar em consideração os principais.
O supreendente resultado
O resultado mostrou que os efeitos colaterais físicos, tais como náuseas e vômitos fatores, que estavam no topo das preocupações, não são mais os vencedores. No momento, os aspectos sócio-psicológicos se tornaram mais significativos para os pacientes.
De acordo com os médicos, as náuseas e vômitos não são mais um grande problema, pois a medicação moderna está sendo eficaz na maioria dos casos. A queda de cabelo continua sendo uma questão persistente no início do tratamento. Mas ao longo do tempo, a relevância destes efeitos diminui e os aspectos psicológicos acabam se tornando mais significativos.
Os distúrbios do sono e a ansiedade foram considerados os efeitos colaterais mais difíceis de lidar, explica o Dr. Beyhan Ataseven, autor do estudo:
“Olhando para as percepções dos pacientes durante todo o curso de sua quimioterapia, os efeitos colaterais mais difíceis com os quais eles lidam são distúrbios do sono – que se tornam cada vez mais importantes ao longo do tempo – e ansiedade sobre os efeitos de sua doença em seu parceiro ou família, o que continua sendo o maior problema.
Melhorias e mais qualidade de vida para os pacientes em quimioterapia
Dr. Beyhan acredita que as descobertas podem dirigir a melhorias nas terapias que são oferecidas. Um exemplo seria o início da inclusão de comprimidos para dormir no tratamento de rotina, procedimento que não foi feito até agora. Existe também uma necessidade clara de proporcionar apoio psicológico para enfrentar a ansiedade do paciente e da família.
A Sociedade Européia de Oncologia Médica tem planos de publicar em breve um documento se posicionando sobre estes resultados. No documento pretende divulgar as novas necessidades cuidados de apoio e paliativos recomendada aos pacientes, desde o diagnóstico e ao longo da doença. De acordo com a presidente da Sociedade, estes resultados mostram que existe uma lacuna entre o que os médicos acham que é perturbador e o que realmente incomoda os pacientes.
Felizmente a ciência avança, estudos como este são imprescindíveis para aproximar cada vez mais o conhecimento sobre os verdadeiros impactos dos efeitos nos pacientes. Apenas conhecendo o que importa poderemos achar as melhores soluções para tornar a quimioterapia um pouco mais confortável, ou, no mínimo, menos agressiva.
Dra. Alessandra Morelle
Fonte Link: Oncology News