Pesquisas recentes comprovam o crescente consumo de álcool do mundo, em especial, durante o período da pandemia. A Associação Brasileira de Estudos do Álcool e Outras Drogas (Abead) observou um aumento de 40% nas vendas de bebidas alcoólicas, enquanto a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) aferiu aumento de 93,9% na comercialização online do produto. Especialistas inferem que os motivos podem estar relacionados ao estresse, à ansiedade, à preocupação, ou mesmo à distração, principalmente através de encontros virtuais.
A necessidade de isolamento fez com que as pessoas ficassem mais tempo juntas, potencializando suas questões internas e de relacionamento, o que estimulou o consumo em excesso do álcool e trouxe a preocupação sobre os malefícios que o hábito deixará como legado após a crise da Covid-19. O álcool é responsável por diversas doenças físicas e mentais, incluindo alguns tipos de câncer. Os tumores mais comuns decorrentes do abuso de bebidas alcoólicas são localizados na boca, faringe, laringe, esôfago, estômago, fígado e intestino.
O álcool e os subprodutos de seu metabolismo, como o acetaldeído, podem ser classificados como carcinogênicos. Por isso, se engana quem pensa que pequenas doses não são prejudiciais, visto que não existe uma quantidade de álcool segura para o corpo. Mesmo em baixas doses, a bebida é tóxica, embora o exagero seja muito mais prejudicial. É importante destacar que há uma evidente relação entre o consumo de bebidas alcoólicas e o risco de câncer. Quanto maior a dose ingerida e o tempo de exposição, maior será a chance de desenvolver a doença.
Assim, o álcool pode provocar o aparecimento do câncer por diferentes mecanismos, que podem alterar o DNA das células, provocar estresse oxidativo que danifica os genes, facilitar a penetração de carcinogênicos ambientais nas células, alterar o metabolismo hormonal, provocar má nutrição que torna os tecidos humanos mais sensíveis aos efeitos do álcool, entre outros menos frequentes.
Ainda, há os perigos desse consumo para os pacientes oncológicos, que precisam de atenção redobrada: nesses casos, as bebidas alcoólicas são ainda mais desaconselhadas, porque podem provocar diversos sintomas, como a alteração do hábito intestinal, náuseas, vômitos e diarreia. Isso, junto com os efeitos da doença e das terapias, compromete o bem-estar e a própria continuidade do tratamento. O álcool também pode interferir na absorção de medicamentos oncológicos que tenham sido utilizados via oral, chegando até a afetar a metabolização de tratamentos injetáveis. Ou seja, pode diminuir a eficácia ou exacerbar reações adversas da quimioterapia.
Dentre as estratégias mais eficientes para evitar o câncer, reduzir a ingestão de bebidas alcoólicas segue no topo do ranking.