Qual a importância de um suporte psicológico durante as fases do tratamento do câncer para um paciente?
Náuseas, vômitos e queda de cabelo são sintomas comuns que pacientes apresentam durante um tratamento quimioterápico. Estes sempre foram considerados os maiores impactos que o tratamento traz para a vida dos pacientes.
Até que uma nova pesquisa apontou que o impacto social e psicológico de um tratamento contra o câncer pode ser muito mais forte do que o impacto físico.
À luz deste assunto, hoje trouxe informações sobre a importância de se manter um acompanhamento cuidadoso do emocional e do psicológico de quem luta contra um câncer. Continue lendo!
Impacto emocional
Quando o médico confirma o diagnóstico, tudo muda.
Centenas de pensamentos começam a passar pela mente do paciente, e uma mistura de sentimentos e emoções muito intensos se misturam às outras centenas de questionamentos sobre o tratamento, sobre a nova rotina…sobre a vida.
Um tratamento contra o câncer não é uma batalha fácil. Ninguém foi preparado para saber lidar com um diagnóstico. Ninguém sabe o que sentirá até que, de fato, o sinta.
Enquanto cada indivíduo possa carregar em si uma maneira diferente de lidar com a notícia de um câncer, é inegável o benefício que um acompanhamento psicológico a partir desse ponto traz para a vida de todos os pacientes.
A importância do acompanhamento durante o tratamento
A rotina de cirurgias, radioterapia, quimioterapia e tantas outras provações durante um tratamento oncológico colocam à prova o estado físico e emocional dos pacientes – e de seus familiares, que o auxiliarão neste momento delicado.
Leia “O impacto social e psicológico da Quimioterapia”.
Um acompanhamento psicológico cuidadoso auxiliará ao paciente e seus familiares a se adaptarem à esta nova realidade e a buscar maneiras de conviver melhor com essa rotina até que seja possível retornar ao antigo modo de vida pré-tratamento.
Nem sempre é fácil entender e processar o que está acontecendo. O cuidado com o aspecto psicológico é essencial, tanto para o paciente quanto para sua família.
O apoio psicológico oferece uma série de benefícios: um maior bem-estar emocional, um maior conhecimento e controle sobre as próprias emoções e sentimentos, alívio da pesada carga emocional atrelada a toda a situação.
Em 2017, foi apresentado no encontro anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO), um estudo acerca do impacto do acompanhamento psicológico para pacientes oncológicos.
Pacientes com diagnósticos recentes foram expostos à um programa de apoio psicológico durante as fases de seu tratamento. A análise demonstrou que o programa melhorou a qualidade de vida dos pacientes e reduziu os níveis percebidos de sofrimento.
Pacientes em estágios avançados da doença, inclusive aqueles com sinais de depressão, tiveram seus níveis de ansiedade e medo diminuídos graças ao acompanhamento. Nos que não apresentavam sintomas depressivos, o risco de desenvolver a condição foi reduzida.
Estas evidências demonstram que o tratamento contra o câncer deve ser global: o emocional, afetivo e psicológico dos pacientes deve ser levado em conta tanto quanto os impactos físicos.
O suporte deve continuar mesmo no pós-tratamento
Em outro estudo apresentado no encontro, pacientes que passaram por câncer de mama, intestino e melanoma e já haviam concluído o tratamento também foram incluídos em um programa de apoio.
Após cinco sessões de terapia, o grupo conseguiu reduzir consideravelmente o medo de recidiva do câncer, desenvolveu uma maior qualidade de vida e diminuição da sua ansiedade e angústia.
A verdade é que terminar um tratamento contra o câncer é um motivo a ser celebrado, de alegria e alívio.
Porém, outros sentimentos são comuns nesta fase: como a ansiedade, a insegurança e até o medo constante de um retorno da doença.
O medo da recidiva, em particular, não é irracional: até 70% dos pacientes relatam sentir medo de que o câncer retorne. Esse tipo de sofrimento não pode ser medido, diferente do sofrimento físico, mas está presente.
Você pode conhecer mais sobre a prevenção de um câncer recorrente e secundário neste post.
O retorno às atividades cotidianas de trabalho e de estudos também podem se mostrar estressantes, e pode ser que o paciente encontre dificuldades em traçar metas para seu futuro, em como administrar suas relações pessoais e interações sociais e até mesmo afetar o modo com que ele enxerga a própria saúde.
Poder falar sobre estas questões em um ambiente seguro é fundamental para que haja uma recuperação mais tranquila e agradável.