O Novembro Azul coloca a saúde do homem em pauta anualmente, estimula os cuidados com uma rotina saudável e lembra a relevância da periodicidade dos exames. Mas junto ao olhar atento à longevidade, a data comemorativa também traz à tona preocupações quanto algumas doenças predominantemente masculinas, como o Câncer de Próstata.
Ainda pouco debatido, o tumor de próstata é o segundo mais comum entre os homens no Brasil e o responsável por 10% de todas as mortes provocadas por câncer em pacientes do sexo masculino. Segundo o Ministério da Saúde, um terço dos brasileiros não se cuida adequadamente e 70% só vão ao médico por influência familiar.
A falta de atenção com a saúde e o medo das consequências da doença, assim como de exames e tratamentos, muitas vezes, impedem o amplo conhecimento sobre o tema e acabam criando barreiras para uma vida plena e feliz. Para auxiliar neste processo, foram elencados abaixo os principais mitos e verdades sobre o Câncer de Próstata. Fique por dentro!
Câncer de Próstata não tem cura.
MITO: A maioria dos pacientes são curados e uma parcela significativa tem sobrevida bastante longa. Alguns fatores implicam nestas afirmativas, como o estágio da doença e a abrangência do tumor.
Apenas idosos têm câncer de próstata.
MITO: Cerca de 40% dos casos ocorrem em homens com menos de 50 anos, no entanto, após essa idade, o risco do diagnóstico positivo aumenta. Antes dos 40 anos a doença é considerada rara.
Ter histórico familiar de Câncer de Próstata aumenta as chances de ter a doença.
VERDADE: A hereditariedade é um dos principais fatores de risco, fazendo com que um em cada seis homens seja diagnosticado. Ter pais, tios ou irmãos com a doença duplicam as chances. As possibilidades também aumentam cinco vezes quando dois familiares já tiveram. Homens nessas condições devem consultar o médico urologista a partir dos 45 anos.
O risco de desenvolver o tumor é maior para pessoas negras.
VERDADE: Afrodescendentes têm 60% mais chances de ter Câncer de Próstata e a taxa de mortalidade é três vezes mais alta.
O sedentarismo pode aumentar os riscos.
VERDADE: A falta de atividade física e a obesidade podem causar alterações metabólicas e levar a alterações moleculares responsáveis pelo câncer. Por isso, a relevância da prática de exercícios regulares na prevenção e no tratamento da doença, responsáveis por fortalecer a imunidade, prevenir o sobrepeso, modular os níveis hormonais e reduzir o estresse.
O câncer de próstata sempre apresenta sintomas.
MITO: Em estágio inicial, quando as chances de cura chegam a 90%, não há qualquer sintoma. Conforme o avanço da doença, os principais sinais são jato urinário mais fraco, sensação de urgência miccional ou de esvaziamento incompleto da bexiga, dor ou ardor, dificuldade para ereção, ejaculação dolorosa, sangue na urina ou no sêmen, dor frequente e rigidez na parte inferior das costas, quadris ou coxas.
O exame de toque é muito doloroso.
MITO: O desconforto existe, mas não é algo insuportável. A sensação é resultado apenas da tensão muscular do paciente diante da situação. Na hora de fazer o exame, é preciso ficar calmo e tranquilo, pois o procedimento é rápido, eficiente e pode salvar vidas.
PSA alto é sinal de câncer de próstata.
MITO: O exame pode apresentar alterações em várias situações, como a hiperplasia benigna da próstata, a prostatite (uma inflamação) e algum trauma. O Câncer de Próstata está presente em 15% dos homens com níveis normais de PSA. Por isso, a importância da avaliação médica e do exame de toque.
Todo diagnóstico positivo implica na retirada completa da próstata.
MITO: Existem várias modalidades de tratamento, entre elas, a medicamentosa, a radioterapia, a ablação com fontes de energia e a cirurgia radical, considerada a técnica mais utilizada no Brasil para esses casos.
O aumento da próstata é um sinal da doença.
MITO: O crescimento da glândula prostática acontece com a maioria dos homens à medida que envelhecem e esta condição não aumenta o risco de câncer de próstata.
O tratamento pode causar incontinência urinária.
VERDADE: Um em cada cinco homens tratados pelo câncer de próstata apresentam incontinência urinária, sendo que os pacientes mais jovens geralmente evoluem melhor. Atualmente, já estão disponíveis melhores tratamentos para evitar o problema.
O câncer de próstata pode afetar a vida sexual.
VERDADE: Em alguns tratamentos, como a cirurgia, os nervos que rodeiam a próstata e controlam a ereção peniana podem ser lesionados. O tamanho dessa lesão depende de muitos fatores, como localização e tamanho do tumor e do tipo de tratamento realizado. A recuperação do controle da função erétil também depende da idade do paciente e se já apresentava problemas de ereção antes da cirurgia.
Buscar uma segunda opinião clínica é falta de ética com o médico.
MITO: A procura por outras avaliações pode ser considerada como bom senso. O paciente deve se sentir livre para pedir uma segunda opinião sobre seu diagnóstico ou tratamento. E isso, inclusive, por ser tratado com o médico dentro do consultório, agregando conhecimentos de profissionais da área.
É importante sempre lembrar que o acesso à informação e a desconstrução de estigmas é o caminho mais fácil até a cura!
Fontes de dados: Sociedade Brasileira de Urologia, Centro Especializado em Urologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Instituto Oncoguia, ASCOFERJ, Instituto Vencer o Câncer, Ministério da Saúde e Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein.