Janeiro é um mês simbólico para novos começos e profundas reflexões. Culturalmente, neste período, os indivíduos estão mais propensos a traçar planos e a analisar com mais intensidade sua existência, as relações sociais, as emoções e os comportamentos. Neste contexto, ganha destaque a campanha ‘Janeiro Branco’ que alerta sobre as questões de saúde mental e emocional no Brasil. Em sua 7ª edição, o evento também é impulsionado pelo atual cenário de pandemia, que acentuou o sofrimento psíquico na população provocado pelo isolamento.
Desde sua criação, em 2014, por um grupo de psicólogos de Minas Gerais, o ‘Janeiro Branco’ tem a proposta de estimular as pessoas a terem mais responsabilidade consigo mesmas e com os outros, reforçando a relevância do equilíbrio emocional e da disseminação do conhecimento sobre a saúde mental. Já a escolha da cor branca é inspirada na ideia de que um ano novo pode ser como uma tela em branco: um convite à criatividade e à construção de uma nova história.
No entanto, a saúde mental é um tema pouco debatido no País, o que faz com que seja percebido, muitas vezes, como um sinônimo de doença mental. Especialistas afirmam que o assunto é muito mais abrangente, contemplando desde o bem-estar individual até as políticas públicas que propiciam qualidade de vida e saúde coletivas. Estar mentalmente saudável, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), possibilita o desenvolvimento de habilidades, como lidar com insatisfações, atuar de forma produtiva e contribuir de forma ativa para uma comunidade.
A falta de conhecimento impede que as patologias emocionais sejam tratadas e minimizadas. Estima-se que, no mundo, em cada 100 pessoas, ao menos 30 sofram com problemas de saúde mental. A OMS identificou que há uma escassez de profissionais de saúde capacitados e de instalações de saúde mental adequadas aos tratamentos. Ainda, segundo dados da Organização Mundial, no Brasil, em torno de 12 milhões têm depressão, o que representa de 20% a 25% da população. Hoje a ansiedade afeta cerca de 9,3% dos brasileiros e o suicídio é apontado pelo Ministério da Saúde como a quarta maior causa de mortes entre jovens. São números alarmantes e que, muitas vezes, são superiores a outros indicadores.
Mas como é possível fazer diferente neste ‘Janeiro Branco’ e fugir destas estatísticas? A Campanha sugere algumas ações para começar o ano mais leve e com a mente tranquila:
Refletir: será que a chegada do novo ano é o suficiente para que alguém se torne uma nova pessoa? Aproveite o momento para pensar o que está ao seu alcance para fazer sua vida mais feliz.
Aceitar os ciclos: assim como os anos que iniciam e acabam, a vida também é feita de ciclos. Se você estiver em um mau momento, entenda que vai passar e uma próxima etapa de reconstrução e alegrias chegará.
Preparar-se para agir: o hábito de pensar sobre o que está acontecendo é essencial para a evolução do ser humano. Sendo assim, quais pensamentos podem levar você a ter uma vida mais saudável?
Cada um pode ter suas próprias iniciativas, ciente de suas características e limites, para viver um ano novo com menos sofrimento e mais felicidade. A receptividade à cultura da saúde mental é capaz de construir uma sociedade mais saudável e equilibrada.