O câncer, atualmente, é considerado um problema de saúde pública e pode acometer pessoas de todas as idades, inclusive, pessoas jovens. É consensual que o estilo de vida de um indivíduo adulto pode contribuir para o desenvolvimento de diversos tipos de tumores. Mas como um jovem, entre 20 e 39 anos, pode acumular ações suficientes em sua trajetória de vida para o desenvolvimento de uma doença grave?

É exatamente devido a essa improbabilidade que o principal fator de risco para o surgimento do câncer em adultos jovens é o histórico familiar, com o protocolo cirúrgico sendo o mais utilizado como tratamento. A Revista Acadêmica Mundo da Saúde, de Santa Catarina, mostra que a herança genética representa 55,7% dos casos diagnosticados entre pessoas de 20 a 39 anos no Estado, e 50,2% optaram por a cirurgia. Os tumores de mama, colo uterino, tireoide, testículo e cólon são os mais prevalentes. Os pacientes com tumores de cólon (26,3%) e reto (42,9%) evoluíram para óbito com mais frequência.

Segundo dados da American Cancer Society para o ano de 2020, nos Estados Unidos, foi estimado aproximadamente 83,7 mil novos casos de câncer em pessoas de 20 a 39 anos com uma estimativa de 8,73% de morte nesta faixa etária. As mulheres jovens são mais acometidas pela doença do que os homens adultos jovens, porém, ambos têm a mesma probabilidade de ir a óbito. No Brasil, os estudos em pacientes adultos jovens diagnosticados com câncer ainda são escassos, os registros hospitalares de câncer entre os anos de 2007 a 2011, no País, mostraram que 10,2% dos casos atendidos foram em pacientes com idade entre 20 e 39 anos.

Sendo o câncer um fator genético, na maioria dos casos entre adultos jovens, é possível dividir os diagnósticos positivos em dois grupos, aquele proveniente de alterações genéticas hereditárias e outro com alterações genéticas adquiridas. O primeiro grupo herda a mutação do gen e, muitas vezes, tem o câncer numa fase mais precoce na vida do que seria normalmente esperado. Por exemplo: mutações no gene BRCA, que aumentam o risco de câncer de mama e ovário; Síndrome de Lynch, que ampliam a incidência de câncer colorretal, de ovário e de endométrio; entre outros.

Já o grupo das alterações genéticas adquiridas, menos comum em jovens, mas ainda assim presente, decorre de mudanças no gen ocasionadas ao longo da vida. As causas mais comuns, entre 20 e 39 anos, para este tipo de alteração genética, é a exposição aos raios ultravioleta (UV), que pode aumentar o risco de câncer de pele melanoma; a infecção pelo papilomavírus humano (HPV), que traz maior risco de câncer de colo do útero; a infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV), que amplia o risco de linfoma não Hodgkin e sarcoma de Kaposi; o próprio tratamento com quimioterapia ou radioterapia para um câncer infantil também pode aumentar o risco de contrair um segundo câncer mais tarde, especialmente leucemia.

Mesmo diante desses detalhamentos, a maioria das alterações genéticas que levam ao câncer em adultos jovens são compreendidas como eventos aleatórios que, algumas vezes, ocorrem no interior de uma célula, sem ter uma causa externa específica.