A quimioterapia atual usa remédios chamados quimioterápicos no tratamento de doenças, principalmente o câncer.
Existem dezenas de medicamentos que fazem parte dessa categoria e um mesmo paciente acaba recebendo uma combinação de vários deles para que se possa atingir o efeito desejado.
Dependendo do tipo de tumor, a quimioterapia por si só já consegue acabar com a doença.
Você já se perguntou como surgiu a quimioterapia? A história do desenvolvimento deste tratamento é muito interessante e irei compartilhá-la hoje em meu blog. Continue lendo!
Câncer: uma doença milenar
Antes de falar sobre a história da quimioterapia, é preciso conhecer de onde veio o câncer. Na verdade, não existe um primeiro registro oficial que fale sobre o surgimento da doença.
Sabe-se que os persas e egípcios já faziam menções aos tumores malignos na antiguidade.
Porém, o conceito do câncer foi finalmente definido na escola de medicina de Hipócrates na Grécia: um tumor duro que muitas vezes reaparecia depois de curado.
Foi somente no século 18 que estudos realizados pelo anatomista italiano Giovanni Battista Morgagni e pelo médico francês Marie François Xavier Bichat trouxeram uma nova luz sobre o que de fato seria o câncer.
Ficou caracterizado que a doença seria uma unidade localizada em uma parte específica do corpo e que, dependendo de onde estivesse alocado, o tumor tomaria características diferentes.
Daí em diante, os avanços em pesquisa celular, aliado ao crescente interesse da comunidade médica pela oncologia e ao advento da cirurgia levaram o rumo dos tratamentos e cura do câncer a novos patamares.
No final do século 19 surgiam os primeiros casos de sucesso de remoção de tumores estomacais e de mama.
Uma descoberta surpreendente
A história da quimioterapia como conhecemos hoje remonta nas décadas de 40 e 50, no pós guerra, com os farmacêuticos Louis S. Goodman e Alfred Gilman.
Ao investigarem pessoas expostas ao gás de mostarda – arma química utilizada pelo exército alemão contra os ingleses, um gás na forma de aerossol que causava lesões na pele, irritações nos olhos e até a morte – ficou descoberto que estas pessoas apresentaram diminuição na contagem dos leucócitos (glóbulos brancos).
Análises em autópsias ainda demonstraram uma diminuição considerável das células da medula óssea e dos órgãos linfoides.
Você pode conhecer mais sobre a Pesquisa Clínica em Oncológica neste post.
Uma vez que a medula óssea apresenta uma alta taxa de proliferação celular, o fato da exposição ao gás de mostarda ter contido este crescimento chamou a atenção dos farmacêuticos.
Foi então lançada a hipótese da substância também ser utilizada para regular a proliferação das células cancerígenas.
A arma que virou cura
Em 1941, camundongos com linfoma foram submetidos a testes em laboratório, que comprovaram a teoria de Louis S. Goodman e Alfred Gilman: a mostarda nitrogenada agia na redução dos tumores.
No ano seguinte, os farmacologistas em parceria com o cirurgião torácico Gustav Linskog, desenvolveram e aplicaram a primeira droga para tratamento de câncer em pacientes humanos.
A “Mecloretamina” foi utilizada para casos de linfoma de Hodkin e leucemia com sucesso.
Os efeitos colaterais da diminuição da produção da medula óssea, entretanto, foram logo percebidos nos pacientes:
- Diminuição da contagem de plaquetas, relacionado a riscos de sangramento
- Queda dos glóbulos vermelhos e desenvolvimento de anemia
- Queda dos glóbulos brancos e o risco ampliado de infecções
No ano de 1965, uma descoberta feita pelos médicos pesquisadores James Holland, Emil Freireich e Emil Frei causou um grande avanço nos tratamentos oncológicos.
A hipótese de que a quimioterapia deveria seguir uma estratégia de tratamento antibiótico para tuberculose com combinações de drogas, cada qual com um mecanismo de ação diferente.
Surgia a Poliquimioterapia, em que cada droga atuava no combate de um agente específico da doença, dificultando a metástase e a recidiva dos tumores.
Esta estratégia trouxe avanços em relação às taxas de resposta do tratamento, apesar dos efeitos colaterais persistirem hoje como pontos importantes a serem solucionados.
Os efeitos colaterais atuais da quimioterapia em foco
Um estudo apresentado há poucos meses no Congresso da Sociedade Européia de Oncologia na Espanha mostrou surpresas. O impacto social e psicológico da quimioterapia pode ser muito maior do que as consequências físicas que o tratamento atual traz.
O resultado mostrou que os efeitos colaterais físicos – tais como náuseas e vômitos – fatores que estavam no topo das preocupações, não são mais os vencedores.
De acordo com os médicos, fatores físicos antes muito comuns durante a quimioterapia não são mais um grande problema, pois a medicação moderna está sendo eficaz na maioria dos casos.
A queda de cabelo continua sendo uma questão persistente no início do tratamento. Mas ao longo do tempo, a relevância destes efeitos diminui e os aspectos psicológicos acabam se tornando mais significativos.
Felizmente a ciência avança, estudos como este são imprescindíveis para aproximar cada vez mais o conhecimento sobre os verdadeiros impactos dos efeitos nos pacientes.
A quimioterapia percorreu um longo trajeto até os dias de hoje, e se mostrou eficaz na batalha contra o câncer.
Entretanto, é necessário que se continue a observar e estudar o modo como ela afeta os pacientes. Somente assim será possível encontrar soluções que a tornem um pouco mais confortável, ou, no mínimo, menos agressiva com o passar do tempo.
Dra. Alessandra Morelle