Segundo dados recentes do INCA (Instituto Nacional do Câncer), cerca de 4 mil brasileiros morrem anualmente em consequência de um câncer no sistema linfático.
O linfoma é um tumor maligno que tem sua origem no sistema linfático. A doença se desenvolve nos linfonodos e pode ocorrer em diversas áreas do nosso corpo. Na grande maioria dos casos, a causa do aparecimento de um linfoma é desconhecida.
A estimativa, ainda de acordo com o instituto, é de que 10 mil novos casos sejam diagnosticados ainda no próximo ano.
Esta semana trago para você informações importantes sobre este tipo de câncer, que apesar dos números ainda se mostra desconhecido para muitas pessoas.
Continue lendo para aprender sobre os principais sintomas, diagnóstico e fatores de risco da doença.
Sistema Linfático
O sistema linfático é o principal sistema de defesa do nosso organismo: protegendo-o contra doenças e infecções, além de ter a função de eliminar resíduos e líquidos em excesso no nosso corpo, proteção das células imunes (junto ao sistema imunológico) e absorção dos ácidos graxos.
É constituído pelos linfonodos (também chamados nódulos linfáticos) que se conectam por todo o organismo através de uma rede complexa de vasos linfáticos.
Estes vasos transportam a linfa dos tecidos para o nosso sistema circulatório. A linfa é um líquido incolor que contém as células brancas do sangue (os linfócitos), responsáveis por combater infecções.
Do tamanho aproximado de um grão de feijão, os linfonodos estão localizados por todo o corpo, principalmente na região do pescoço, axilas, peito, abdome e virilha, onde são produzidos e armazenados os linfócitos.
A celulite (acúmulo de gordura) e as ínguas (inchaço dos nódulos linfáticos) são condições comuns que também são associadas ao sistema linfático.
O Câncer no Sistema Linfático
Existem vários subtipos de linfoma quando falamos de um câncer no sistema linfático. Estes subtipos são classificados de acordo com alguns fatores como a velocidade da progressão da doença e do tipo de células predominantes nos linfócitos presentes no linfonodo analisado em biópsia.
Os dois tipos mais comuns de linfomas são dois: O Linfoma Não-Hodgkin e o Linfoma de Hodgkin.
Não-Hodgkin
Mais comuns, englobam mais de 40 subtipos da doença. Sabe-se que a idade é um fator de risco: os linfomas Não-Hodgkin acometem mais os indivíduos acima de 55 anos e chega a ter um risco de desenvolvimento 20 vezes maior em pessoas com 75 anos quando comparado àquelas de 20.
São agrupados como Indolentes ou Agressivos de acordo com seu tipo de célula linfoide, tamanho e forma. Os linfomas indolentes são considerados de baixo grau, e a doença se desenvolve lentamente; Os agressivos, em contrapartida, possuem um passo de desenvolvimento muito mais acelerado.
Segundo dados do INCA, a incidência dos linfomas Não-Hodgkin duplicou nos últimos 25 anos, principalmente entre aqueles com mais de 60 anos e não se tem conhecimento do motivo.
Em ambos os casos, felizmente, a resposta dos pacientes a um tratamento é boa, principalmente se o diagnóstico for precoce.
Linfoma de Hodgkin
Este tipo de linfoma pode desenvolver-se em qualquer idade, apesar de possuir uma incidência maior na faixa dos 20-35 anos ou acima dos 65, afetando mais homens do que mulheres.
A maior parte dos Linfomas de Hodgkin ocorre quando uma célula de defesa (o linfócito B) desenvolve uma alteração em seu DNA. Esta alteração causa uma divisão acelerada das células e sua sobrevida: uma célula normal, passado um determinado tempo, naturalmente morreria, enquanto estas novas células mutantes permanecem.
O acúmulo destas células anormais no sistema linfático causa os sintomas do linfoma de Hodgkin e, se não tratado, pode se espalhar para outros tecidos e atingir outras áreas do corpo.
Assim como os linfomas de Não-Hodgkin, este tipo de tumor possui uma boa chance de recuperação especialmente se for diagnosticado cedo.
Sintomas
O principal sintoma de um câncer no sistema linfático é o aumento dos linfonodos (ou ínguas) em certas regiões do corpo, mas nem sempre o aparecimento deste sinal quer dizer que você desenvolveu um tumor linfático.
Infecções também são responsáveis pelas ínguas em nosso corpo e tendem a sumir com a melhora do quadro. Existem alguns outros sinais que, se associados, podem indicar a doença:
- Coceira por todo o corpo
- Suores Noturnos
- Perda de Peso e Falta de Apetite
- Cansaço e Mal Estar
- Febre persistente ou Recorrente, sem motivo aparente
O ideal é prestar atenção ao seu corpo. Caso note algo estranho ou fique em dúvida quanto aos sinais, procure um especialista.
Diagnóstico
Quando existe a suspeita da presença de um linfoma através do exame físico ou exames de sangue, o paciente é encaminhado a um médico especialista para que exames mais completos e específicos confirmem o diagnóstico.
Os médicos responsáveis pelo tratamento de um linfoma são o hematologista ou o oncologista.
- Biópsia – procedimento obrigatório na confirmação do diagnóstico de um linfoma e o único método que identifica o tipo de linfoma não-Hodgkin. A biópsia é realizada após a remoção das células anormais para análise no microscópio. Geralmente, retira-se toda a área do gânglio linfático, sendo necessária a internação do paciente por ao menos um dia.
Após a confirmação pela biópsia, exames complementares indicarão o estágio da doença. Exames sanguíneos, biópsia da medula e exames de imagens como Raio X podem ser recomendados ao paciente nesta fase.
Fatores de Risco
Ao contrário de outros tipos de câncer, linfomas não possuem ligação com nossos hábitos de comportamento, ou seja, não são afetados pela nossa alimentação, fumo, bebida ou atividades físicas, por exemplo.
A idade, no caso do linfoma Não-Hodgkin se mostra como fator de risco, além de histórico familiar e indivíduos com um sistema imunológico enfraquecido.
Um sistema imunológico deficiente é porta de entrada para uma gama enorme de doenças.
Quando falamos do combate contra um câncer, é fundamental que se pense no fortalecimento deste poderoso sistema defensor.
Existe ainda uma associação da doença com algumas infecções específicas como é o caso do HIV: pacientes que contém o vírus do HIV podem desenvolver um tipo particular de linfoma associado à esta condição.
Além do HIV, temos alguns outros tipos de vírus (conhecidos também como retrovírus) que estão ligados ao desenvolvimento de um tumor linfático como o HTLV 1.
Uma Vida de Equilíbrio
Embora um câncer no sistema linfático não tenha relação com nossos hábitos externos, é inegável o benefício que uma vida equilibrada com boas escolhas pode trazer.
A prática de exercícios físicos que envolvem concentração mental, por exemplo, é extremamente saudável e benéfica para a sua saúde, tanto física quanto mental. Inclusive, uma nova revisão científica demonstrou que a prática do Yoga e da Meditação podem até modificar os nossos genes.
Você pode ler mais sobre esta incrível descoberta neste post do meu blog.
Dra. Alessandra Morelle
Fonte: Inca Linfoma