Amamentar Diminui o Risco de Câncer de Mama?

maio 30, 2019

O leite materno é considerado um dos alimentos mais completos do mundo, e é excelente para a saúde do bebê. A amamentação exclusiva durante os primeiros 6 meses de vida da criança são fundamentais para o desenvolvimento do organismo da criança. Mas você sabia que a amamentação, além de ajudar a mãe a voltar ao corpo de antes, pode diminuir o risco de câncer de mama?

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Sobre a amamentação

O ato de alimentar o recém-nascido com o leite que é produzido pela mãe garante um começo de vida muito mais saudável. O leite materno nutre e protege o bebê para o resto de sua vida, criando inclusive maior resistência contra muitos males.

Além disso, o leite materno ajuda a fortalecer o sistema imunológico da criança. Os anticorpos presentes nele diminuem os riscos de infecções, problemas respiratórios e digestivos. Quanto mais tempo a criança é amamentada, menor será a chance de desenvolver alergias.

Além dos benefícios para  bebê, pesquisas descobriram que o ato de amamentar pode trazer incríveis benefícios para a mamães.

A pesquisa

Uma pesquisa do Centro de Câncer da Universidade do Texas (MD Anderson Cancer Center) mostrou que amamentar reduz o risco de desenvolver câncer de mama. De acordo com Rachel King, uma das pesquisadoras:

A pesquisa mostra que as mães que amamentam reduzem seu risco de câncer de mama pré e pós-menopausa. E, amamentar mais do que os seis meses recomendados pode fornecer proteção adicional’.

 

Os motivos

A explicação vem do fato que as lactantes (mulheres que estão na fase de amamentar) experimentam algumas mudanças hormonais que levam ao atraso da menstruação. E isso diminui a exposição da mulher a hormônios como o estrogênio, que pode promover o crescimento de células de câncer de mama.

Outro fato importante é que na gravidez e na lactação há o derrame de tecido das mamas. O derramamento é extremamente saudável pois ele ajuda a remover células com potencial dano no DNA. De acordo com King, essa “renovação celular’’ ajuda a reduzir as chances de desenvolver câncer de mama.

Ao evitar a ovulação, a amamentação também contribui para diminuir o risco de câncer de ovário. Se não há ovulação, diminui a exposição ao estrogênio e células anormais que podem levar ao câncer.

Diante de tantas novidades boas, deixo aqui alguns conselhos para as pacientes que estão amamentando. Estes conselhos podem otimizar o processo, melhorando o aproveitamento tanto do bebê, quanto da mamãe, nesta fase tão bonita e saudável.

 

Respeite a regra do tempo mínimo de 6 meses

Para ter todos os benefícios da amamentação, ela deve durar no mínimo 6 meses. E isso significa alimentar o bebê apenas com leite materno, ele não deve receber nada além disso.  As pesquisas mostram que os benefícios para a saúde e a redução do risco de câncer são mais significativos nas mulheres que amamentaram durante 6 meses ou mais. O leite materno fornece tudo que o bebê precisa, não há necessidade de outro alimento durante estes primeiros meses de vida.

 

Depois dos 6 meses

Ao completar 6 meses de idade, o leite materno fornece aproximadamente metade das necessidades nutricionais do bebê. Esta é a hora de introduzir lentamente as frutas, vegetais em forma de papinhas, mas sem parar de amamentar.

A pesquisadora Sally Scrogs lembra que amamentar mais do que 6 meses é benéfico para mamãe e bebê:

Quanto mais você fizer isso, mais proteção você recebe contra os cânceres de mama e ovário.

Comparando mães que amamentaram com outras que não realizaram, foi possível quantificar o benefício. O estudo concluiu que a cada 12 meses de amamentação, o risco de uma mulher desenvolver câncer de mama diminui cerca de 4,3%. E estes 12 meses podem ser apenas com um bebê ou no total considerando os outros filhos.

Quanto mais amamentar, melhor

Pesquisa complementar que vem da Austrália comparou dados de mulheres que amamentaram por menos de 7 meses com mesmos dados de mulheres que amamentaram por mais de 13 meses.

O resultado mostrou que mulheres que amamentam por mais de 13 meses são 63% menos propensas a desenvolver câncer de ovário do que as mulheres que amamentaram por menos de sete meses.

Mulheres que amamentaram crianças múltiplas por longos períodos podem reduzir seu risco de câncer de ovário em até 91%, quando comparadas com as mulheres que amamentaram por menos de 10 meses.

Mais dicas

Por fim, eu sei que mesmo com todas as vantagens, amamentar não é tarefa fácil, não é à toa que é sim um ato de amor e doação. Quem enfrenta problemas pode procurar profissionais e grupos de apoio. Peça a vista de um especialista no seu quarto logo que o bebê nascer e preste atenção se a pega do bebe está correta. A forma do bico do seio pode dificultar, mas não desistir é fundamental.

Aulas educativas antes do bebê nascer também são muito importantes e podem fazer a diferença. Quando retornar ao trabalho, é importante deixar claro ao seu empregador a sua necessidade de contar com uma configuração adequada para continuar amamentando ou pelo menos tirando o leite das mamas para continuar a produção adequada que o seu filho necessita.

Nesta hora, o apoio dos familiares, maridos e colegas se faz muito necessário. Amamentar é saúde, para a mamãe e para o bebê. Espero ter ajudado!

Dra. Alessandra Morelle

Fonte: MD Anderson Cancer Center