Um tratamento para câncer de reto que anula a necessidade de intervenção cirúrgica garante a taxa de sobrevida de 93%, aponta estudo.
O estudo divulgado pela revista médica britânica The Lancet foi realizado por uma equipe de pesquisadores internacionais, inclusive com a presença de dois brasileiros, mostrou que os pacientes com câncer de reto que não se submetem à cirurgia radical alcançam taxa de sobrevida em três anos de 93%. Entre os pacientes que se submetem à cirurgia, essa taxa é de 90%.
Embora a diferença entre os números pareça pequena, é significativa e demonstra que muitas pessoas passam pelo procedimento cirúrgico sem necessidade. Isso porque a região retirada do intestino de alguns pacientes não continha resíduos do tumor após a realização de quimioterapia e radioterapia concomitantes.
Exclusão da cirurgia
O tratamento para câncer de reto mais utilizado é a adoção de quimioterapia e radioterapia simultaneamente. Ao término das sessões, é comum que já seja agendada a cirurgia para remoção do tumor residual no intestino ressecado. A decisão pela cirurgia costuma vir antes mesmo dos resultados da regressão do câncer.
A necessidade de cirurgia passou a ser questionada já na década de 1990 quando a médica brasileira Angelita Habr-Gama e alguns colegas pesquisadores notaram a ausência do tumor residual em muitos casos de retirada do intestino. Assim, a equipe optou por aguardar os resultados da regressão do câncer no reto antes de decidir pela operação.
Novo tratamento para câncer de reto
Apesar da resistência inicial à exclusão da cirurgia, aos poucos o novo tratamento para câncer de reto passou a ser aceito. A adoção de um novo esquema de químio e radioterapia, com o aumento da dosagem das medicações contra o câncer, foi proposta pelos pesquisadores. O objetivo era melhorar a eficácia desse tratamento, evitando a cirurgia.
De acordo com informações do grupo de cirurgia colorretal oncológica do Centro de Oncologia da Beneficência Portuguesa de São Paulo, os resultados positivos antes da mudança das dosagens era entre 20% e 25%. Após o aumento da medicação na quimioterapia, o índice de sucesso do tratamento chega a 50%.
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É para todos?
A adoção do procedimento cirúrgico passou a ser recomendada apenas quando realmente necessário, em casos de regressão do tumor ou quando não desaparece totalmente com o tratamento (24% dos casos). Quando é preciso realizar a cirurgia, o paciente não tem nenhum prejuízo para a saúde.
O novo tratamento para câncer de reto beneficia principalmente aqueles que não precisam de cirurgia após as sessões de quimioterapia e radioterapia. Os cuidados desse tipo de pós-operatório incluem a necessidade de colostomia definitiva, onde uma bolsa é implantada na barriga e realiza as funções intestinais.
Em outros casos, o paciente precisa passar pela reconstrução intestinal, a qual muitas vezes compromete as funções do intestino. Ao evitar uma cirurgia desnecessária, evita-se também algumas sequelas funcionais.
A alternativa terapêutica deve ser receitada conforme a situação do paciente. Infelizmente, por exigir estrutura adequada e conhecimentos técnicos, nem todos os hospitais do Brasil oferecem o novo tratamento para câncer de reto.
Espero que meu artigo tenha esclarecido o assunto.
Até a próxima!