O câncer de ovário é um dos diagnósticos mais difíceis de ser alcançados e, infelizmente, o que tem menos chance de cura.
Seus sinais são silenciosos, e normalmente os diagnósticos são feitos quando a paciente já está em estágio avançado. Eu já falei sobre câncer no ovário no artigo Os sinais que o corpo mostra quando existe câncer de ovário, se você quiser incrementar sua leitura a respeito do tema!
Agora, vamos complementar o conhecimento a respeito deste perigoso câncer?
Câncer de ovário: pouco frequente x altamente letal
Em primeiro lugar, quando comparado com o câncer de mama, o câncer de ovário não é tão frequente. As estimativas do INCA (Instituto Nacional de Câncer) para a incidência desta neoplasia em 2016 era de aproximadamente 6 mil novos casos – 3% entre todos os tumores femininos.
Caso você também queira se informar a respeito do câncer de mama, sugiro que comece por essa leitura: Sintomas e Diagnóstico Precoce do Câncer de Mama
Acredita-se que o maior revés do câncer de ovário está na letalidade: nos EUA, em 2017, das 22 mil mulheres que foram diagnosticadas positivamente para o tumor, provavelmente mais da metade (63% ou 14mil) deve ir à óbito em decorrência da doença.
Você pode ler mais sobre as taxas de sobrevivência deste câncer nesse artigo da American Cancer Society: Survival Rates for Ovarian Cancer, by Stage
Os sintomas são silenciosos
Suponha-se que a letalidade da doença esteja diretamente relacionada com o difícil acesso ao diagnóstico precoce. Isso se deve aos sintomas, que se manifestam tardiamente, apenas quando o tumor já está em estágios bem mais avançados.
Em estágios mais avançados, sabe-se que grande parte dos ovários já estão comprometidos e muito provavelmente o câncer não está mais limitado ao local de origem. Ou seja, é bem possível que tenha se espalhado para outras partes do corpo como órgãos e tecidos vizinhos.
Além da falta de sintomas, o que também prejudica a falta de diagnóstico está na ausência de exames de rastreamento.
Para fins de comparação, ao contrário do câncer de mama que conta com mamografias e série de políticas públicas, o câncer de ovário é dificilmente rastreado. Principalmente no início.
Além disso, hoje sabe-se que, infelizmente, não é recomendado que mulheres façam o rastreamento sem sinais ou sintomas. Isso porque o procedimento não melhora a sobrevida, e também pode expô-la desnecessariamente a complicações cirúrgicas.
Ou seja, ainda não existem métodos eficazes para identificar precocemente a doença. (Sobre isso você pode continuar lendo neste artigo).
Felizmente, a medicina segue ampliando estratégias para obtenção de exames precisos com o fim de diagnosticar o câncer de ovários.
Câncer de ovário não tem causa definida
Apesar de muitos estudos existentes, ainda não se conhece as causas exatas do câncer de ovário. Podemos nos guiar pelos riscos de desenvolver a doença, que são os seguintes:
Histórico Familiar
É possível que familiares que tiveram câncer nos ovários influenciem a decorrência da doença ao longo da vida da mulher. Porém, suponha-se que apenas 10% dos casos tenham origem hereditária.
São apenas indícios, mas estima-se que ter uma mãe, irmã ou filha que tem ou teve câncer de ovário eleva os riscos do desenvolvimento da doença – sem contar que quanto maior o número de parentes com a doença, maior a probabilidade do surgimento.
Herança Genética
Não vamos confundir: herança genética não tem a ver, necessariamente, com o histórico familiar. No caso do câncer de ovário, presume-se que alterações genéticas em pelo menos dois genes (BRCA 1 e BRCA 2) passados de mãe para filha podem desencadear chances de câncer de ovários.
Outros fatores de risco
Em primeiro lugar, precisamos considerar que são fatores amplos. Contudo, você pode iniciar uma investigação do próprio corpo a partir de algum ponto que tenha se identificado:
- Nunca ter ficado grávida;
- Iniciado o ciclo menstrual antes dos 12 anos;
- Menopausa após os 50 anos;
- Ter feito alguma terapia hormonal para a menopausa;
- Ter feito tratamentos para fertilidade;
- Síndrome dos ovários policísticos (SOP);
- Tabagismo;
- Obesidade;
- Uso de dispositivos intrauterinos (DIU)
Hábitos que podem reduzir riscos de câncer de ovários
Ainda não existem métodos 100% eficazes, porém, existem alguns comportamentos que podem reduzir as chances da doença. São eles:
- Amamentação
Durante a amamentação, mulheres experimentam alterações hormonais que atrasam períodos menstruais e também provocam outras irregularidades que são benéficas para reduzir as chances de câncer de ovário.
Isso porque o mecanismo da amamentação, ao diminuir períodos menstruais, também diminui a ovulação. Quanto menos a mulher ovula, menor a exposição ao estrogênio e às células anormais que podem vir a se tornar câncer.
Você pode ler mais sobre isso nesta matéria.
- Ter tido uma gestação anteriormente
- Laqueadura ou Histerectomia (Cirurgia de retirada do útero)
- Prevenção à obesidade
Seguir uma dieta balanceada e praticar exercícios físicos com regularidade podem impedir processos inflamatórios típicos de doenças como o câncer. Ou seja, se mexer não previne apenas uma doença, mas sim uma série delas.
Sempre é tempo de começar uma atividade física!
- Parar de fumar
- Reduzir a ingestão de bebidas alcoólicas
- Sequenciamento genético
O sequenciamento genético é uma técnica que permite identificar cada nucleotídeo (base) em uma cadeia de DNA, como uma leitura, letra por letra. Os processos bioquímicos presentes na ferramenta possibilitam o mapeamento de todo o genoma humano.
Isso significa que é possível fazer um mapa da sequência das bases que formam o DNA humano. E porque é importante?
Por que mapear desde cedo as possíveis alterações genéticas é altamente benéfico para a prevenção de doenças. Uma vez identificados, os genes modificados devem ser discutidos com um médico para averiguar os próximos passos.
Sintomas que podemos levar ao médico
Já sabemos que é muito difícil que o câncer de ovário manifeste sintomas em estágios iniciais. Porém, existem alguns sinais que, dependendo do caso, podem ser alertados para seu médico e investigados. São eles:
- Aumento do volume do abdômen;
- Dor abdominal ou na pelve sem explicações;
- Dificuldade para se alimentar;
- Perda de apetite;
- Necessidade urgente de urinar;
- Urinas mais frequentes que o habitual;
- Sangramentos;
- Fadiga;
- Náuseas;
- Azia e indigestão;
- Dor nas costas;
- Dor durante o sexo;
- Constipação;
- Alterações no ciclo menstrual.
Volto a frisar: os sinais mencionados acima não necessariamente podem estar vinculados ao aparecimento do câncer de ovários. Foram catalogados a partir do que sentiram muitos pacientes com câncer, por esse motivo estão aqui listados.
De qualquer maneira, podem significar outras disfunções também. Por isso é muito importante que sejam feitas análises periódicas com o médico.
Cistos não devem ser motivo de pânico
Em primeiro lugar, devemos tornar nítido que cistos são bem comuns e, por esse motivo, só podem representar perigos se forem maiores de 10cm e possuírem áreas sólidas e líquidas.
Normalmente cistos são lesões benignas. Portanto, são apenas acúmulo de líquidos em determinados tecidos. Suas causas normalmente estão ligadas à falhas no processo de ovulação e mudanças hormonais.
Por conseguinte, não necessariamente pode indicar algo grave. O ideal é consultar o ginecologista para saber qual deve ser o procedimento indicado em relação ao cisto.
Então, como faço o diagnóstico de câncer de ovários?
Já sabemos que não existem sinais diretos e que o diagnóstico precoce é muito difícil. Mas, como descobrir a neoplasia?
O processo deve iniciar a partir de um exame pélvico, onde um especialista inspeciona tanto a parte interna quanto externa dos órgãos genitais. Em seguida, um pequeno dispositivo é introduzido dentro da vagina, a fim de detectar possíveis anomalias.
Geralmente o diagnóstico se dá por meio de uma série de exames.
Após exame pélvico o especialista pode solicitar exames de imagem, ultrassom ou tomografia computadorizada da região abdominal e pélvica. Esses exames, sobretudo, ajudam a identificar alterações no tamanho, forma e estruturas dos ovários.
Também são solicitados exames de sangue, visto que podem detectar se a proteína AC 125 está presente na superfície dos ovários. Além disso, uma biópsia do tecido do ovário também pode ajudar a identificar eventuais células cancerosas.
- Importante frisar que o Papanicolau não é suficiente para diagnosticar câncer nos ovários, pois é um exame específico para detecção de câncer no colo do útero.
Esse é outro assunto muito importante que merece sua atenção. Não deixe de enriquecer sua leitura com a matéria Rastreamento do câncer no colo do útero é para todas as idades
Os estágios do câncer de ovário
Com a biópsia anteriormente citada, podemos determinar a extensão do tumor e classificá-lo dentre os quatro estágios da doença. São eles:
- Câncer em um ou ambos os ovários;
- Câncer espalhado por outras regiões da pelve;
- Câncer espalhado pelo abdômen;
- Câncer já fora do abdômen e órgãos vizinhos atingidos, como o fígado.
O tratamento é o mesmo para outros tipos de câncer?
Sim, normalmente são utilizados os mesmos procedimentos (quimioterapia, radioterapia, cirurgia e terapias alternativas).
O tratamento pode ser utilizado para interromper o fluxo da doença ou reduzir a velocidade de multiplicação do tumor. Muitas vezes pode até mesmo amenizar a dor.
Geralmente, as cirurgias mais indicadas para esse tratamento é a histerectomia total (retira-se todo o útero), salpingo-ooforectomia unilateral (retira-se um ovário e trompa de Falópio) ou, finalmente, salpingo-ooforectomia bilateral, em que se retiram os dois ovários e duas trompas.
Todas as opções de tratamento devem ser discutidas com o médico responsável. Além disso, suas necessidades podem variar de caso para caso.
De qualquer maneira, o conselho é sempre o seguinte: conheça seu corpo, observe as possíveis mudanças e sinais que possam indicar algo e, antes de tomar qualquer decisão sobre algo, converse com seu médico de maneira sincera.
Espero ter elucidado muitas questões para você!
Até a próxima,